O livro chegou ontem, e gostei tanto que li direto até o final.
Plight of the Fortune Tellers, Riccardo Rebonato já entra na categoria dos melhores livros de gestão de risco.
Embora o livro evite o uso de matemática e equações, ele aborda criticamente uma série de limitações de algumas técnicas estatísticas de medição de risco, e aponta outras limitações no "estado da arte" de gestão de risco. O ponto central é que a incerteza associada a estimação de quantiles muito extremos pode ser tão alta que a própria medição não faz sentido. Um efeito que qualquer pessoa que tenha trabalhado com teoria de valores extremos e entendido a teoria percebe, mas passa ignorado por muitos gestores de risco e instituições de regulação bancária.
O segundo ponto é a necessidade de uma
teoria da decisão aplicada a gestão de risco. Temos técnicas muito sofisticadas para a medição de risco, mas os procedimentos de gestão deste risco ainda são extremamente frágeis.
E creio que o principal ponto do livro é a necessidade do uso de probabilidades subjetivas e métodos bayesianos em gestão de risco. O livro é uma das defesas mais fortes do uso de métodos bayesianos que eu ja lí, e olhe que os bayesianos são bem obstinados na defesa de sua metodologia.
Outro ponto interessante é a discussão da modelagem de retornos, com baixa persistência e uma necessidade maior do uso de informação a prior, e da modelagem de momentos mais elevados, que tem persistência maior e assim necessitam de informação a priori menos informativa.
É importante que fique claro que o livro não é uma crítica de metodologias quantitativas de gestão de risco - ao contrário, já que muitas das prescrições são baseadas em metodologias de gestão de cenário e bayesian update. Mas é uma importante visão crítica das técnicas estatísticas.
É interessante notar que um dos referees do livro foi
Alexander McNeil, que é co-autor do melhor livro de gestão quantitativa de risco -
Quantitative Risk Management: Concepts, Techniques and Tools.