quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Plight of the Fortune Tellers - Um pouco mais

O livro chegou ontem, e gostei tanto que li direto até o final. Plight of the Fortune Tellers, Riccardo Rebonato já entra na categoria dos melhores livros de gestão de risco.
Embora o livro evite o uso de matemática e equações, ele aborda criticamente uma série de limitações de algumas técnicas estatísticas de medição de risco, e aponta outras limitações no "estado da arte" de gestão de risco. O ponto central é que a incerteza associada a estimação de quantiles muito extremos pode ser tão alta que a própria medição não faz sentido. Um efeito que qualquer pessoa que tenha trabalhado com teoria de valores extremos e entendido a teoria percebe, mas passa ignorado por muitos gestores de risco e instituições de regulação bancária.
O segundo ponto é a necessidade de uma teoria da decisão aplicada a gestão de risco. Temos técnicas muito sofisticadas para a medição de risco, mas os procedimentos de gestão deste risco ainda são extremamente frágeis.
E creio que o principal ponto do livro é a necessidade do uso de probabilidades subjetivas e métodos bayesianos em gestão de risco. O livro é uma das defesas mais fortes do uso de métodos bayesianos que eu ja lí, e olhe que os bayesianos são bem obstinados na defesa de sua metodologia.
Outro ponto interessante é a discussão da modelagem de retornos, com baixa persistência e uma necessidade maior do uso de informação a prior, e da modelagem de momentos mais elevados, que tem persistência maior e assim necessitam de informação a priori menos informativa.
É importante que fique claro que o livro não é uma crítica de metodologias quantitativas de gestão de risco - ao contrário, já que muitas das prescrições são baseadas em metodologias de gestão de cenário e bayesian update. Mas é uma importante visão crítica das técnicas estatísticas.
É interessante notar que um dos referees do livro foi Alexander McNeil, que é co-autor do melhor livro de gestão quantitativa de risco - Quantitative Risk Management: Concepts, Techniques and Tools.

1 Comments:

Blogger Skeleton Jack said...

Admito que meus conhecimentos em gestão de risco são bem limitados, mas a minha impressão é que grande parte da imprecisão na gestão de risco advém das "fat tails" das distribuições de retornos de ativo, não? Sempre ví grande parte dos gestores maravilhados pela simplicidade do "VaR" sem perceber que ele é apenas um guarda-chuva pra garoas, pois quanto cai uma tempestade...

(parafraseando este teste http://www.fooledbyrandomness.com/jorion.html )

Não sei o livro aborda, mas o que eu acharia tremendamente interessante é modelagem do risco de liquidez e risco "de ser grande demais" como aconteceu nessa "crise" imobiliária com alguns bancos e, o caso mais famoso e obceno, LTCM.

Já que gostou dos meus links, recomendarei mais dois:

http://www.global-derivatives.com/
têm vários algoritmos em matlab e excel para precificação de exóticas, lívros recomendados e uma lista de programas de pós-graduação em risco e engenharia financeira.
e

www.wilmott.com => muitos artigos academicos excelentes e um ótimo forum de debates.

Notei em um de seus posts sobre a semana de finanças um certo ex-aluno chamado "Alessandro del Drago". Eu cheguei a estudar por um tempo no IBMEC-SP(Quando ainda era na Maestro Cardim) e tive aula com um monitor que eu gostava muito, porém não lembro o nome por completo, queria saber como ele está. Talvez você conheça, ele se formou no IBMEC no 2o semestre de 2005, junto com o Del Drago(eram da mesma sala), trabalhava em research no itaú, tinha 27 anos e, dizia, ser um dos "menções honrosas". Alias, sabe onde o Del Drago trabalha? Pretendo atuar no mesmo ramo, porém sempre achei-o tão limitado no Brasil.

De qualquer forma, se quiser responder, melhor me mandar um e-mail, o meu blog, bem, não tem muito a ver com a discussão.
hmenke@gmail.com

Henning

3:10 PM  

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