A teoria quantitativa da moeda e outras teorias
“Models are to be used but not to be believed.” – Henry Theil
Está acontecendo um debate acalorado entre dois importantes blogs de Economia do Brasil (Blog do Adolfo e Mão Visível) sobre a validade geral da Teoria Quantitativa da Moeda. A grosso modo o ponto do Adolfo é sobre as consequências e contradições da rejeição geral da TQM, e o ponto do Mão Visível, é que ela só é válida em períodos bastante específicos, conclusão que tem o suporte empírico de um belo estudo de Sargent e Surico recém publicado no American Economic Review, revisitando o clássico estudo de Lucas com uma série histórica maior e modelos mais sofisticados.
Se não me engano a versão final do artigo do Sargent e Surico ainda está disponível na página do Sargent. As análises são baseadas em modelos de parâmetros variantes no tempo com volatilidade estocástica e modelos DSGE, estimados por métodos Bayesianos. Como os modelos são relativamente simples de serem estimados, é possível realizar análises de robustez adicionais sem muitos problemas. Mas acho que os resultados são robustos, e indicam que a TQM só foi válida em subamostras com características bem particulares.
Minha limitada experiência com modelagem econométrica me sugere que modelos demasiadamente gerais, como a TQM, tem um poder bastante limitado quando confrontados com os dados. E por isso a citação acima de Henry Theil, que não por acaso é de um dos mais importantes econometristas em toda a história.
Mas esse problema não acontece só na economia não. Lembrei da bela teoria da Varying Speed of light, cuja formulação mais conhecida foi elaborada pelos cosmologistas João Magueijo e Andreas Albrecht.
Essa teoria contesta o fato que a velocidade da luz no vácuo seja uma constante, o que é a base , por exemplo, da teoria da relatividade. Nessa teoria a velocidade da luz no vácuo é um parâmetro variante no tempo, e em especial nos instantes iniciais do Big Bang pode ter sido muito maior do que a constante aceita atualmente, o que ajudaria a explicar alguns problemas como o problema de horizontes. Outras variações importantes das constantes universais também tem interpretações bastante interessantes em mecânica quântica (e que são importantes no romance Anathem de Neal Stephenson, que discuti no blog anteriormente).
A rejeição de teorias "gerais" sempre foi o ponto fundamental em revoluções científicas, e em geral leva a uma compreensão ampliada dos eventos em estudo.
(E é a parte divertida de se fazer ciência.)
Está acontecendo um debate acalorado entre dois importantes blogs de Economia do Brasil (Blog do Adolfo e Mão Visível) sobre a validade geral da Teoria Quantitativa da Moeda. A grosso modo o ponto do Adolfo é sobre as consequências e contradições da rejeição geral da TQM, e o ponto do Mão Visível, é que ela só é válida em períodos bastante específicos, conclusão que tem o suporte empírico de um belo estudo de Sargent e Surico recém publicado no American Economic Review, revisitando o clássico estudo de Lucas com uma série histórica maior e modelos mais sofisticados.
Se não me engano a versão final do artigo do Sargent e Surico ainda está disponível na página do Sargent. As análises são baseadas em modelos de parâmetros variantes no tempo com volatilidade estocástica e modelos DSGE, estimados por métodos Bayesianos. Como os modelos são relativamente simples de serem estimados, é possível realizar análises de robustez adicionais sem muitos problemas. Mas acho que os resultados são robustos, e indicam que a TQM só foi válida em subamostras com características bem particulares.
Minha limitada experiência com modelagem econométrica me sugere que modelos demasiadamente gerais, como a TQM, tem um poder bastante limitado quando confrontados com os dados. E por isso a citação acima de Henry Theil, que não por acaso é de um dos mais importantes econometristas em toda a história.
Mas esse problema não acontece só na economia não. Lembrei da bela teoria da Varying Speed of light, cuja formulação mais conhecida foi elaborada pelos cosmologistas João Magueijo e Andreas Albrecht.
Essa teoria contesta o fato que a velocidade da luz no vácuo seja uma constante, o que é a base , por exemplo, da teoria da relatividade. Nessa teoria a velocidade da luz no vácuo é um parâmetro variante no tempo, e em especial nos instantes iniciais do Big Bang pode ter sido muito maior do que a constante aceita atualmente, o que ajudaria a explicar alguns problemas como o problema de horizontes. Outras variações importantes das constantes universais também tem interpretações bastante interessantes em mecânica quântica (e que são importantes no romance Anathem de Neal Stephenson, que discuti no blog anteriormente).
A rejeição de teorias "gerais" sempre foi o ponto fundamental em revoluções científicas, e em geral leva a uma compreensão ampliada dos eventos em estudo.
(E é a parte divertida de se fazer ciência.)
1 Comments:
A associação da TQM com a Varying Speed of light foi fantástica!
Quando cheguei ao final do post, nem estava mais interessado na TQM. A teoria de Magueijo e Albrecht se tornou muito mais interessante.
Abraços,
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