Um ponto paralelo ao debate.
O debate está realmente interessante. O Preços colocou excelentes respostas para meus comentários e para os do Shikida. Acho que chegamos nos pontos que ficam no limite dos conhecimentos mais específicos de cada metodologia, e nesse ponto acho que o debate perde um pouco de sua importância.
Mas aproveitando o debate, vou levantar um tema paralelo, e neste caso não é uma crítica somente as abordagens heterodoxas, mas também em grande parte em todo o ensino de economia no Brasil. Os pontos são - a) quais problemas são relevantes em economia, e b) devem ser estudados em uma graduação.
No primeiro aspecto fica evidente a separação entre visões de economia na visão mais ortodoxa (eita termo ruim) e as visões heterodoxas, tanto a visão austríaca quanto as mais ligadas a visão marxista e pós-keynesiana. Enquanto que na minha visão a economia "ortodoxa" tem uma visão muito mais ampla sobre os problemas econômicos, a visão austríaca se prende a alguns pontos específicos do processo de mercado e da natureza do capital, e a visão mais marxista e pós keynesiana focam na crítica ao capitalismo e aos métodos dos economistas "ortodoxos".
Neste aspecto a formação básica dos economistas, como microeconomia, macroeconomia, econometria e mesmo o crescimento econômico são deixados de lado. Como eu já comentei aqui, as graduações em economia no Brasil tem o objetivo de formar críticos do capitalismo e do mainstream, enquanto que uma formação mais ortodoxa é muito mais construtiva, no aspecto da preparação para os problemas que um economista irá enfrentar.
Embora uma formação crítica seja importante, os economistas formados no Brasil são em geral péssimamente formados e incapazes de trabalhar com problemas econômicos concretos. Sejam os problemas de gestão de fluxos de caixa que eu comentei, seja como realizar uma planejamento econômico em uma empresa, trabalhar como economista-chefe em um banco. Coloque seu problema de preferência e veja se a formação é adequada.
É fácil verificar as consequências dessa formação. A mais óbvia é o nível rasteiro do debate econômico na mídia Brasileira. Acompanhar qualquer discussão de conjuntura aqui é uma tortura enorme.
Outro ponto fundamental é a colocação no mercado de trabalho. Como exemplo próximo, os alunos formados em economia (e administração,) pelo Ibmec São Paulo, aonde eu dou aula, são extremamente valorizados no mercado de trabalho, e em geral no final da graduação encontram posições excelentes, e é fácil de entender o motivo.
Um aluno em média poderá fazer por exemplo 5 cursos de econometria (dois cursos básicos obrigatórios mais eletivas de econometria de finanças, microeconometria e macroeconometria), dois cursos de programação e pesquisa operacional, mais 4 cursos obrigatórios e até mais 6 cursos eletivos na área de finanças, além de toda a formação obrigatória e eletiva em macro e microeconomias.
Isso significa que a formação crítica foi deixada de lado ? ocorre exatamente o oposto. Se o aluno tem uma formação básica sólida, é possível ensinar para ele as limitações das metodologias normalmente utilizadas, e mais importante, como trabalhar para superar estas limitações. Por exemplo em uma boa parte dos cursos de econometria de finanças e de programação que eu dou eu fico discutindo como tratar de problemas como a presença de microestruturas de mercado como custos de transação ou as limitações de abordagens como média-variância na alocação de carteiras. Sem uma boa formação, isso seria impossível de ser feito.
Acho que este problema de formação é tão importante quanto a discussão do uso da matemática na economia.
Mas aproveitando o debate, vou levantar um tema paralelo, e neste caso não é uma crítica somente as abordagens heterodoxas, mas também em grande parte em todo o ensino de economia no Brasil. Os pontos são - a) quais problemas são relevantes em economia, e b) devem ser estudados em uma graduação.
No primeiro aspecto fica evidente a separação entre visões de economia na visão mais ortodoxa (eita termo ruim) e as visões heterodoxas, tanto a visão austríaca quanto as mais ligadas a visão marxista e pós-keynesiana. Enquanto que na minha visão a economia "ortodoxa" tem uma visão muito mais ampla sobre os problemas econômicos, a visão austríaca se prende a alguns pontos específicos do processo de mercado e da natureza do capital, e a visão mais marxista e pós keynesiana focam na crítica ao capitalismo e aos métodos dos economistas "ortodoxos".
Neste aspecto a formação básica dos economistas, como microeconomia, macroeconomia, econometria e mesmo o crescimento econômico são deixados de lado. Como eu já comentei aqui, as graduações em economia no Brasil tem o objetivo de formar críticos do capitalismo e do mainstream, enquanto que uma formação mais ortodoxa é muito mais construtiva, no aspecto da preparação para os problemas que um economista irá enfrentar.
Embora uma formação crítica seja importante, os economistas formados no Brasil são em geral péssimamente formados e incapazes de trabalhar com problemas econômicos concretos. Sejam os problemas de gestão de fluxos de caixa que eu comentei, seja como realizar uma planejamento econômico em uma empresa, trabalhar como economista-chefe em um banco. Coloque seu problema de preferência e veja se a formação é adequada.
É fácil verificar as consequências dessa formação. A mais óbvia é o nível rasteiro do debate econômico na mídia Brasileira. Acompanhar qualquer discussão de conjuntura aqui é uma tortura enorme.
Outro ponto fundamental é a colocação no mercado de trabalho. Como exemplo próximo, os alunos formados em economia (e administração,) pelo Ibmec São Paulo, aonde eu dou aula, são extremamente valorizados no mercado de trabalho, e em geral no final da graduação encontram posições excelentes, e é fácil de entender o motivo.
Um aluno em média poderá fazer por exemplo 5 cursos de econometria (dois cursos básicos obrigatórios mais eletivas de econometria de finanças, microeconometria e macroeconometria), dois cursos de programação e pesquisa operacional, mais 4 cursos obrigatórios e até mais 6 cursos eletivos na área de finanças, além de toda a formação obrigatória e eletiva em macro e microeconomias.
Isso significa que a formação crítica foi deixada de lado ? ocorre exatamente o oposto. Se o aluno tem uma formação básica sólida, é possível ensinar para ele as limitações das metodologias normalmente utilizadas, e mais importante, como trabalhar para superar estas limitações. Por exemplo em uma boa parte dos cursos de econometria de finanças e de programação que eu dou eu fico discutindo como tratar de problemas como a presença de microestruturas de mercado como custos de transação ou as limitações de abordagens como média-variância na alocação de carteiras. Sem uma boa formação, isso seria impossível de ser feito.
Acho que este problema de formação é tão importante quanto a discussão do uso da matemática na economia.
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