Tudo se repete

Em um texto muito sincero, Cibele nos conta seus desapontamentos com o ensino superior público. Acho que todos que estudaram em universidades públicas passaram por situações parecidas, e em muitas situações o desânimo acaba vencendo.
Algumas situações são realmente absurdas, e suas consequências são bem piores do que alunos mal formados. Um exemplo é que na minha graduação (em economia, para quem não sabe) eu não tive em nenhum curso uma discussão sobre crescimento econômico. Olha que não estou nem pedindo um curso que abordasse crescimento endógeno, capital humano, etc. Em nenhum curso houve uma discussão mínima sobre isso. Minha graduação no fundo foi uma interminável discussão de conjuntura. O fato tristemente irônico é que hoje o presidente do Ipea, um professor desta instituição, nos diz que o Ipea será voltado ao planejamento de longo prazo. Uma piada péssima.
Tive alguns excelentes professores, heróis em uma batalha perdida, que tentavam melhorar o ensino e a pesquisa. O mais triste é que esses professores, os que mais lutavam e mais eram punidos, eram os únicos que faziam pesquisa acadêmica séria e seguravam a barra da instituição nas avaliações da Capes.
Outro ponto importante é que em nem todo o ensino superior público a situação é a mesma. Acho que estas situações estão bem mais concentradas nas áreas de humanas. Atualmente faço o doutorado na mesma universidade, mas no Instituto de Matemática e Estatística, e a situação é completamente ortogonal. Pesquisadores brilhantes e um ensino excelente.
Mais o que eu mais gostei no post da Cibele foi o reconhecimento que mesmo que a situação seja injusta, a responsabilidade final é sempre do próprio aluno, do indivíduo, seja o curso péssimo ou excelente.
Por mais que eu tenha estudado sozinho, me arrependo muito de não ter ido fazer mais cursos fora da economia. Se tivesse que decidir hoje, não teria feito economia e sim matemática, mas isso não me isenta de nada. E o importante é nunca desistir.